O desejo ansioso de retorno ao Pai

“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”. Fp cap. 1 – vers. 21

O apóstolo Paulo nos relata em uma de suas cartas ( Filipenses cap. 1 – vers. 21 ) que para ele “viver é Cristo , e morrer é lucro” , demonstrando desta forma o que significa ter  um desejo ansioso de “retornar ao Pai”.  Este desejo deveria ser algo real em nossas vidas , pois como salvos e cidadãos do Reino de Deus , nada deveria ser superior ao desejo de estar nos braços do Pai , de sentir o cheiro suave do retorno ao lar , de conviver com os Santos  e poder adorar a Deus em toda a sua plenitude.

Poder ter certeza de não convivermos mais , com a dor , a frustração , a doença , as injustiças , a incompreensão , por si só nos deixaria plenos e com a absoluta determinação de almejarmos estar com Deus , da mesma forma como Paulo relata em sua carta. Seguindo este princípio e concordando com Paulo , o que nos faz agirmos exatamente de forma contrária.

Se não vejamos , o maior temor do ser humano seja ele quem for , rico ou pobre , crente ou ateu , intelectual ou iletrado , homem ou mulher é a “morte”. Encaramos a morte como o inimigo preferencial em nossas vidas , e buscamos de todas as formas nos precaver em relação a ela , e não a vemos como o caminho natural da nossa breve existência.

Vivemos presos , amarrados , acorrentados a um sistema que é regido sob leis estritamente racionais , lógicas , econômicas , hedonistas  que fazem com que nosso corpo e alma tenham a tendência de preservação indefinida , quiça eterna. Sob este ponto de vista Paulo também nos escreve da luta entre a “carne e o espírito” ( Gálatas cap. 5 – vers. 17 ) e o quão intensa é esta luta , que faz com a nossa vontade carnal prevaleça a nossa vontade espiritual.

Em outra passagem ele nos descreve da dificuldade de impor a vontade espiritual ( Romanos cap. 7 – vers. 15 ) dizendo  “o quero não faço e o que não quero faço”. Este sistema mundano nos captura de tal forma que mesmo buscando intensamente a comunhão com Deus ,  nos defrontamos com situações difíceis em nosso dia a dia. Aliados a todas esta dificuldades que já não são poucas , ainda temos a nossa frente o desafio de como tratar o dinheiro e o poder advindo dele em nossa vida cristã.

Cada vez mais as nossas igrejas estão reproduzindo o mundo dentro dos templos , espelhando o modo e a forma usual da sociedade natural , nas atitudes , ações , estratégias , abordagens , pregações e campanhas. Estamos ratificando de forma triste que tudo neste mundo tem como finalidade o dinheiro e o poder proporcionado por ele.

Só poderemos romper com este ciclo se vivermos com a intensidade de Cristo , com a vontade de Cristo , com o amor de Cristo , com a compaixão de Cristo , com o desejo revolucionário de Cristo. Vivendo desta forma estaremos adquirindo a identidade de um cidadão dos céus , e então o nosso desejo intenso e premente será estar com o Pai.