Quanto custa uma vida?
Os números podem traduzir a maior parte das nossas sensações de verdade em relação ao mundo que vivemos. Usamos do expediente de quantificar , valorar e ter parâmetros percentuais em praticamente todas as áreas de nossa vida. O método mais eficaz e rápido de entendimento é traduzido pela quantidade de dinheiro gasto ou arrecadado , o crédito que possuímos ou o débito que teremos que arcar. Esta prática deve-se ao fato que vivemos em uma sociedade que aprendeu desde sempre a ter o seu elo de segurança com o mundo , atrelado ao dinheiro. O fato é que não podemos nos desvincular desta “terrível realidade” , sim terrível , pois ela nos leva a colocar de lado as mais básicas práticas da convivência social. À partir do momento que todas as práticas de relacionamento são reguladas pelo dinheiro , as barreiras criadas entre aqueles que o possuem e por aqueles que não o possuem , fazem com que os relacionamentos de convivência comunitária sejam inexistentes ou precários. A vida humana passa a ser violentamente desrespeitada , pois os valores atribuídas a ela são quantificadas pelas posses que possuem. Os pesos de julgamento são absurdamente deturpados , pois as vidas passam a valer através de uma ótica social ( pseudo-social ) elitista. Em um mundo aparentemente tão voltado a busca de igualdades , não vemos bandeiras sendo levantados no sentido de buscarmos nivelar e estreitar os laços entre as pessoas , em criar mecanismos na própria sociedade para encurtar a distância entre os que alcançaram e os que estão buscando alcançar. Infelizmente o desejo de um mundo melhor está reduzido aos próprios interesses pessoais , as bandeiras que são levantadas representam pequenas classes que já se acham em situação privilegiada , buscam mais privilégios. Enquanto isto pequenas vidas vão se formando a margem de uma sociedade desigual que sem desejo e nem vontade de mudar , vão vivendo de forma alienada e solitária , escondendo-se através da virtualidade da comunicação , achando que estão revolucionando o mundo.
