No raso
“E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio”. Ez cap. 47 – vers. 12
O carro segue rápido pela estrada , e após uma sucessão de curvas , o que se descortina ao horizonte é deslumbrante. Uma massa imensa de água , abre-se até onde a vista alcança. O que sempre foi imaginado como grandioso , se mostra muito maior. Esta é a visão da pessoa que vê o mar pela primeira vez.
Este emocionante contato visual é substituído logo a seguir , num segundo momento , quando com os pés descalços caminha pela areia , e tem o primeiro contato com as águas geladas. É uma sensação que mistura beleza , intensidade , medo , respeito e liberdade. Já neste primeiro contato irá se estabelecer uma relação de amor e ódio com o mar. Algumas pessoas vão amar estar no mar para o resto de suas vidas , já outras terão esta relação como totalmente descartável.
O início da relação se dá de forma lenta e receosa , pois por não conhecer a dinâmica das ondas , as pessoas se concentram em ficar na beirada , no raso , na região onde a areia se funde com o mar , aquela área do refluxo. Com o passar do tempo , a medida que a confiança aumenta , e que o conhecimento da batida das ondas no corpo se torna normal e prazerosa , vamos avançando em direção a uma maior profundidade naquela massa de água gigantesca. Normalmente nosso limite se dará até o momento em que as águas atingirem nosso tórax , à partir daí a lampada do perigo se acende internamente e paramos.
O texto do Livro de Ezequiel cap. 47 a partir de verso 1 , nos traz uma mensagem poderosa a respeito de se caminhar com Deus e buscar intimidade com Ele. Ele relata que um rio flui do Altar do Senhor em direção ao mar ( vers. 1 e 2 ) , e ele via águas que primeiro cobriam os tornozelos , depois cobriam os joelhos , depois cobriam os lombos e finalmente águas que só poderiam ser transpostas nadando ( vers. 3 , 4 e 5 ). Somente “mergulhando” na profundidade das águas que fluem do trono do Senhor , poderemos chegar ao lugar descrito no versículo 12 ( acima ). Um lugar de descanso e refrigério regado pelas águas que fluem do trono , águas que sarão a terra ( vers. 8 ) .
O Senhor busca homens e mulheres que queiram transpor o limite do normal , quer que deixemos “o raso” , o nosso local de conforto. Ele deseja que confiemos em sua segurança para navegar no vasto oceano do Espirito.